segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS SOBRE CELULARES E AGROGLIFOS

Temos declarações de investigadores de campo atestando o funcionamento de um celular no interior de um agroglifo, quando esse mesmo celular não funciona nas proximidades. Tecnicamente falando, de conformidade com as leis do eletromagnetismo, isso não seria possível. Contudo, se estamos tratando de um fenômeno ufológico, ou mesmo de um fenômeno que nada tenha de ufológico, mas que fuja completamente de nossa compreensão, e um agroglifo bem pode ser um fenômeno dessa natureza, toda cautela é pouca. O que devemos fazer então? O procedimento correto é tentarmos comprovar ou não os testemunhos dos investigadores de campo.

NOTA: a) esta é uma explanação técnica, árida, de pouco interesse e de difícil aplicação prática, pois requer equipamentos técnicos de uso laboratorial e; b) se um celular opera onde, se presume, não dispõe de condições técnicas para isso, é forçoso que se depare com uma explicação lógica e bastante convincente diante de um elaborado procedimento investigativo.

Para os que não conhecem tecnicamente o assunto, mas possam acompanhar esta digressão, vamos discorrer sobre alguns pontos básicos de um enlace eletromagnético, ou seja, um sinal emitido por um transmissor num dado local e recebido por um receptor em outro local qualquer. Então vejamos, todo enlace de rádio implica em duas condições básicas e fundamentais para um pleno funcionamento, além de algumas condições secundarias. As duas condições básicas são: frequência e potencia do sinal transmitido. Frequência e potência são estabelecidas de acordo com normas internacionais da ICNIRP (Comissão Internacional de Proteção Contra Irradiações Não Ionizantes) ficando a cargo da ANATEL (Agência Nacional das Telecomunicações) sua fiscalização e monitoramento, além de outras atribuições inerentes à área. As condições secundárias são: a natureza, configuração e altura das antenas transmissora e receptora; a natureza topográfica da área entre as antenas (obstáculos, prédios, morros, árvores, torres de abastecimento de água na região e, se for uma área plantada, uma roça, isso pode influir ainda mais negativamente). Em seguida temos a atividade solar *(caso o Sol esteja num ciclo de 11 anos) no momento da comunicação; por último, a qualidade e condições operacionais dos equipamentos em uso. Isto tudo, se presume, funcionando sempre dentro do raio de ação da antena transmissora. Não é incomum que qualquer estação móvel, vez por outra, se encontre fora da área de cobertura. Nesse caso, só com um milagre seria possível um enlace. Mas, milagres, em tecnologia, não acontecem amiúde.

*Nenhuma emissão eletromagnética, quer natural, quer artificial, quando gerada por um artefato tecnológico, interfere com outro sinal eletromagnético. As interferências ocorrem, sempre, nos receptores, que tanto pode ser um radinho de bolso como o equipamento de última geração de um satélite em órbita. O sinal interferente, “sujo”, não faz distinção de onde causa a interferência. Dito isto, convém observar que de todos os sinais interferentes, as irradiações solares são as mais temíveis.

Todo sinal eletromagnético produzido por um artefato tecnológico de comunicação, propagando-se pelo éter, é composto de dois vetores de energia perpendiculares entre si em ângulo de 90º, um elétrico e um magnético, interagindo sempre. Este sinal, a que chamamos onda, pode portar qualquer tipo de informação útil: som, imagem, sinais gráficos (fax, se conectado) e, quem sabe, qualquer dia destes, até uma mensagem alienígena!
 O sinal irradiado de um celular, de uma ERB, de um radar, sonar ou uma estação de telemetria, do projeto HAARP ou da misteriosa estação russa UVB-76, tem uma particularidade muitíssimo importante quanto à sua intensidade em relação ao ponto de recepção, que é o que nos interessa, pois obedece às equações de James C. Maxwell: Pr=Pt/4piR² e vai perder intensidade (potência) na razão direta do quadrado da distância entre as antenas.

A demonstração da equação acima requer cálculos complicados, e fora do propósito deste artigo. Mas se observarmos que o denominador 4piR² nada mais é do que 4 vezes a área de um círculo de raio R, e que o sinal irradiado é de natureza isotrópica, irradiando-se em todas as direções, é intuitivo entender que a densidade do sinal (w/m²) divide-se por 4 cada vez que se dobra a área do círculo.

Diagrama de irradiação

Crédito: Unist, Inc
Observem, pelo croqui ao lado, o decaimento da intensidade de sinal x tamanho da área coberta. Isto vale para toda e qualquer forma de propagação de energia eletromagnética.

 Outra particularidade na comunicação eletromagnética é que a antena, e isto se aplica tanto na recepção quanto na transmissão, é sempre um dipolo, geralmente cortado em ¼ de onda (não importando aí sua configuração física). Um dipolo se compõe de duas componentes radiantes, as quais se completam. Mesmo uma vareta (whip) na vertical, pode ser considerada um dipolo aberto, pois seu complemento será a própria terra, ou um plano terra artificial. No caso dos celulares, essas antenas operam na banda baixa da faixa das microondas (entre 850 e 900 MHz banda A, a 1800 MHz banda B, D e E até o limite de 2.3 MHz, cujas antenas, no celular, são de alguns milímetros de comprimento, via de regra desenhadas no próprio cobre do circuito impresso. Outro ponto importante é que, embora qualquer pedacinho de metal no interior do celular sirva de complemento do dipolo radiante, e é o que efetivamente acontece, uma vez que o ‘feed’, ou dipolo ‘vivo’, fica isolado da massa, a componente passiva, ou plano terra, tem também influência na radiação. Por mais estranho que pareça, tudo isso influi na qualidade da comunicação quando se trata de altas freqüências e sinais de baixíssima intensidade. Vejam, por exemplo, o tamanho descomunal das antenas dos rádios telescópios na recepção de sinais cósmicos. O leigo pode se perguntar: mas por que tudo isso? Simples. Porque o sinal que vem do espaço, geralmente, tem uma quantidade ínfima de energia, e o “guarda-chuva”, ou antena, aquele imenso aparato parabólico, está ali para concentrar o sinal que chega ao receptor para que possa ser processado. É fácil concluirmos que é praticamente inviável procedermos da mesma forma com nossos celulares. Para contornar tais obstáculos é que a ANATEL dispõem as antenas irradiantes cobrindo espaços previamente determinados **(chamados células irradiantes) de conformidade com as necessidades dos assinantes em qualquer ponto do nosso território. Da mesma forma procedem as operadoras em todos os paises ao redor do globo terrestre.


Neste croqui faço uma representação grosseira de células irradiantes. Cada linha vertical representa uma antena, cada hexágono a área coberta pela ERB, distribuídas mais ou menos de forma equidistante em todo o território nacional.
**O nome (celular) deriva da configuração acima. Cada hexágono representa uma célula ERB interligada com outras seis ao redor, e assim sucessivamente.

No ponto seguinte, vamos ver a natureza do sinal de um celular, sua energia irradiante na base (antena repetidora), no próprio celular, e a densidade energética no meio ambiente (de vital importância para a saúde pública) para podermos, então, entender como medir um sinal de celular em qualquer ponto onde desejarmos. Todo sinal que irradiamos para o meio ambiente obedece a uma regulamentação internacional. Como visto lá atrás, o Brasil é signatário da ICNIRP (Comissão Internacional de Proteção Contra Irradiações não Ionizantes) que determina 4,35 W/m2. Essa recomendação não é rigorosamente obedecida em todo o território nacional, pois em nosso país os municípios têm liberdade para legislar com respeito a pontos específicos das telecomunicações, ficando a cargo da ANATEL homologar ou não a licença das operadoras discordantes. Temos municípios cujas operadoras podem trabalhar com níveis acima do estipulado pela ICNIRP, algo em torno de 5W/m2; enquanto que outros estipulam valores bem mais baixos, chegando a menos de 1w/m². Isso tudo dificulta bastante o trabalho de medição de campo, do qual falaremos adiante.

PROCEDIMENTO TÉCNICO

Se queremos saber até onde podemos receber com eficiência um sinal de rádio, a melhor coisa a fazer é medi-lo a partir da antena transmissora. Há duas medições básicas que se pode fazer de um sinal eletromagnético. Pode-se fazê-lo seletivamente, com um medidor de intensidade de campo sintonizado na frequência que se quer medir ou com um medidor de faixa larga, que vai indicar, indistintamente, a intensidade da energia ali presente, e só. A escolha depende do que pretendemos obter. Se queremos saber a natureza, a frequência e a intensidade da energia eletromagnética nas proximidades de um agroglifo, no seu interior e, também fora dele, a qualquer distância, qualquer que seja essa energia, devemos usar um medidor seletivo. Se o propósito é o de apenas medirmos a energia ali presente, podemos usar um medidor genérico. Mas isso não vai nos dizer grande coisa. E se não dispusermos de nenhum equipamento de medição, ainda assim é possível termos uma ideia do nível de sinal na área, usando o próprio celular, embora de maneira muito grosseira e pouco confiável tecnicamente, como mostro a seguir com as fotos postadas abaixo tiradas no interior de minha biblioteca. Aqui estou a menos de um quilômetro de uma ERB. A primeira foto é de um Sony Ericsson, cartão SIM Claro e mostra intensidade plena de sinal, canto superior esquerdo do celular; no entanto, na segunda foto, um Nokia duplo SIM, Claro e Tim, feita nas mesmas condições, segurando o celular na vertical, indica claramente perda de sinal da Claro, e pleno sinal para Tim. Conclusão, um dos dois, com respeito ao sinal da Claro, não está dizendo a verdade. Mesmo assim, seria interessante que o pesquisador de campo, ao se programar para analisar um ou mais agroglifos, pudesse levar consigo dois ou mais celulares, de preferência com dois cartões SIM cada um. Feito isso, e já no local, fizesse várias medições do sinal com o próprio celular, e anotasse numa planilha antes de qualquer tentativa de enlace. Este não é, nem de longe, um procedimento rigorosamente técnico, mas é o que temos na maioria das vezes.


         Vejam no canto superior esquerdo de cada foto, que o celular indica nível de sinal no local, embora pouco confiável.                     



***Importante, este artigo nada a ver com o artigo do Jaime Barrera que fala de equipamentos que não funcionam na presença de luzes. Aqui especulamos sobre celulares que FUNCIONAM no interior dos círculos, e não FUNCIONAM fora.

Como proceder, então. Se o pesquisador dispõe da instrumentação adequada, não terá dificuldade em sintonizar o sinal de uma ERB, pois estão espalhadas por aí próximas umas das outras a menos de 20 km entre si nos centros mais desenvolvidos.
Uma vez localizada a ERB (Estação Rádio Base) mais próxima do agroglifo, devemos nos afastar dela o mais que pudermos, em linha reta, usando-se uma bússola se for preciso (mas, evitar aproximar-se de outra, em qualquer direção, em certas circunstâncias, isso pode ser muito difícil na prática) até que não seja possível detectar qualquer sinal daquela ERB. Feito isso, retorna-se na direção da antena, conferindo sempre o crescimento gradativo do sinal (anotando os valores, sempre, a intervalos de distâncias regulares) demarcados em quilômetros, para em seguida plotar um gráfico que vai mostrar o comportamento do sinal (intensidade do sinal x distância da antena). Eixo Y, intensidade do sinal medido, eixo X distância medida. Ao fazermos isso, e ao passarmos, voltando, pelo suposto círculo onde, no seu interior o celular fala, mas fora dele não fala, plotamos também no gráfico as leituras ali efetuadas, dentro e fora do círculo. Tudo isso, de preferência, com medidor seletivo, até nos aproximarmos novamente da antena irradiante para completarmos o processo de medições. Uma vez levantado o gráfico, e outros, se possível, de outros círculos que apresentem os mesmos sintomas, teremos não só material suficiente para estudos de laboratório, como uma boa argumentação para desenvolvermos uma tese consistente sobre o comportamento de celulares dentro e fora de agroglifos. Sem isso, nenhuma argumentação se sustenta, pois não se reveste de informações técnicas que a corrobore.

Imagem real de uma célula ERB
Crédito: ANATEL


ESPECULAÇÃO TÉCNICA

O que pode fazer com que um celular ou um equipamento qualquer de radiocomunicação funcione no interior de um “crop circle” e não funcione fora dele? Um agroglifo poderia, eventualmente, “clarear” uma área de “sombra”? Sem qualquer estudo a respeito, a pergunta é uma incógnita. O comportamento de uma onda eletromagnética é algo complexo para que possamos aventurar um diagnóstico. O sinal pode sofrer, e sofre, reflexão, refração, absorção ou decaimento, total ou parcial, dependendo de fatores adversos, inúmeros, a partir da antena transmissora até chegar à antena receptora. Entretanto, cientes que estamos da importância do assunto, nada nos impede de tecermos sobre ele algumas considerações técnicas pertinentes.

Comunicações de rádio-enlace como no caso dos celulares, onde o sistema opera com baixíssimos níveis de energia, podem ter, e têm, áreas de “sombra” que dificultam sobremaneira a comunicação. Mas áreas de sombra não agem caprichosamente. Se estivermos num determinado local onde celulares não falam, mas constatamos que o nível de sinal é realmente baixo ou nulo, dificilmente vamos conseguir falar apenas mudando de um ponto a outro algumas dezenas de metros. Em casos assim, o natural é depararmos com algum obstáculo no caminho do sinal (um morro é o obstáculo mais comum, e não precisa estar muito próximo) o que nos obriga a nos deslocarmos algumas centenas de metros e não um pequeno deslocamento, e tentar de novo. Quando após várias tentativas sem êxito, mesmo após termos nos deslocado para um local bem mais elevado, só nos resta desistir. Mas não é isso o que ocorre com o pessoal que investiga os agroglifos. Os relatórios que nos chegam informam que no interior do círculo o celular fala, fora do círculo não fala. Essa é, realmente, uma questão intrigante, que desafia os princípios de um enlace eletromagnético. Ionização do solo?! Uma possível ionização do solo, operando como um enorme guarda-chuva, concentrando o sinal de tal forma que este consiga sensibilizar a antena do celular e completar o enlace, é algo que requer exaustivos estudos de medições de intensidade de campo, e comprovação. Quem sabe então uma composição especial daquela área de terreno, exatamente aquela?! Um lençol freático?! Sabemos que um lençol freático também poderia se comportar como uma imensa antena parabólica ao refletir o sinal incidente no solo, pois a água tem uma taxa de reflexão maior que o terreno argiloso. Mas sua influência é mais significativa já próxima dos 20 GHz. Um celular opera entre 1 e 2 GHz. Além do mais, qualquer destas nossas suposições, se válidas, teriam de estar acontecendo em dezenas de agroglifos espalhados pelo mundo afora. É o que acontece? ****Não sei. Que fazer então? Um primeiro passo seria sugerir ao pessoal que faz pesquisas de campo que elaborem relatórios detalhados, com medições rigorosas e gráficos representativos dos eventos registrados, e os submetam ao estudo de um pessoal técnico abalizado. Tais pesquisas e estudos, se levados a efeito com o rigor acadêmico, poderiam, sem dúvida, trazer-nos conclusões elucidativas sobre a questão. Enquanto não se faz isso, ficamos todos no campo das especulações. Na foto seguinte aponto a localização de uma ERB em Ipuaçu. Conforme pude constatar no site da ANATEL: www.anatel.gov.br. temos uma ERB no centro de Ipuaçu e outra no centro de Xanxerê naquela região.


SUGESTÕES

As manifestações em campos de cereais, iniciadas na Europa nos anos 1980, e logo em seguida espalhadas pelo mundo, provocam-nos reações diversas e contraditórias, sempre conforme a ótica pela qual abordamos o assunto. Para os ufólogos, o agroglifo é, sem dúvida nenhuma, um sinal da presença alienígena entre nós, e encerra (ideia corrente) uma mensagem cifrada e ainda não decodificada. Convém lembrar que a corrente ufológica é, de longe, a que mais se destaca no estudo das manifestações agroglifícas. É a mais dedicada e a que mais tem contribuído com ideias, teses e teorias sobre o fenômeno. Contudo, em nosso país, quer porque ainda não nos dedicamos de corpo e alma ao mister de decodificar tais desenhos (excetuo aqui o trabalho muito particular do Carlos Alberto Yates); quer porque tais manifestações em nosso país sejam recentes; quer porque nos faltem, em maior ou menor grau, os atributos apropriados, atributos técnicos, estruturais e, sobretudo financeiros, ainda não avançamos nessa questão a ponto de nosso trabalho (pesquisas de campo e estudos de laboratório) rivalizar com aqueles praticados em países mais avançados, mormente na Europa. Verdade é que ainda carecemos de coesão em nossas ações, carecemos de um ponto de partida que convirja para um objetivo comum, um objetivo que não se dilua numa miríade de intenções ou mal formuladas, ou mal concatenadas, difusas e dispersas frente a um desafio dessa magnitude. Atributos físicos porque a própria natureza das manifestações requer, de quem se propões estudá-las, condições físicas de um verdadeiro atleta para encarar as adversidades naturais que enfrenta. Atributos técnicos porque, ao ignorar a natureza do desafio com que nos deparamos, não sabemos, com certeza, o que levar a campo para por em prática nossas pesquisas. Atributos financeiros, estes, mormente aqui no cone Sul, são tão óbvios, nem seria preciso mencioná-los. Num país onde verba para a pesquisa acadêmica míngua, seria ingenuidade supor que nossos ufólogos pudessem contar com benesses do governo para tratar de um assunto sequer considerado de importância no campo do conhecimento científico.
De nossa parte, gostaríamos de ter conhecimento de inúmeros outros testes sobres essa manifestações em campos de grãos ao redor do mundo. Um teste interessante seria medir o Ph do solo, de dentro e de fora do agroglifo, tomando porções de terra de pontos distantes entre si. Outro teste  seria observar a conservação de amostras colhidas das plantas, também de dentro e de fora dos agroglifos, e compará-las entre si. Testes de produtividade do solo onde se deram as manifestações. Testes de radioatividade, tanto do solo quanto das plantas. O problema é que os testes aqui sugeridos demandam estreita cooperação entre o agricultor e os pesquisadores de campo, e isso, convenhamos, em nosso país é muito difícil de ser levado a bom termo.

****Importante ressaltar que não fazemos pesquisa de campo, nunca estivemos nas proximidades de qualquer agroglifo, este estudo é baseado em nossos conhecimentos técnicos e por informações colhidas nos trabalhos publicados por colegas ufólogos, principalmente nossos colegas do Brasil.


A seta sinaliza uma antena ERB no centro de Ipuaçu SC

Nelson Pescara




sexta-feira, 26 de abril de 2013

PALESTRA "NÔMADES DO SISTEMA SOLAR"

Olá, pessoal
Esta palestra, Nômades do Sistema Solar, foi proferida em 09/03/2013, na Câmara Municipal de São José dos Campos por ocasião do 5º Encontro Ufológico promovido por Renato Mota, ufólogo consultor da revista Ufo. Assistam e deixem seus comentários. Grato.


quarta-feira, 10 de abril de 2013

PALESTRA UFOLÓGICA NO AUTA DE SOUZA EM 17/12/2013

Olá, visitantes e seguidores do blog "Ufologia, Ciência & Tecnologia", o vídeo mostrado abaixo é uma primeira parte da palestra no Auta de Souza em 17/02/2013. Grato pelas visitas e aguardem atualizações a caminho.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013









TRIBUTO A FLÁVIO AUGUSTO PEREIRA — PIONEIRO DA UFOLOGIA NO BRASIL

Nelson Pescara

       O fenômeno ufológico no Brasil é um dos mais ricos do planeta em sua diversificada casuística, como é também farto de estudiosos e pesquisadores em toda sua extensão territorial. Entretanto, enquanto nossos casos são conhecidos, estudados e divulgados aqui e lá fora, nosso pessoal nem sempre tem seus nomes lembrados na justa medida de suas contribuições em busca da verdade nessa espinhosa tarefa. Dentre os ufólogos da velha guarda que merecem destaque por sua trajetória ímpar nesse campo, quer por sua formação didática, quer por sua profícua produção no estudo dos discos voadores, destacamos o ilustre professor universitário Flávio Augusto Pereira (foto). Com esta matéria, o blog "Ufologia, Ciência & Tecnologia" se propõe resgatar uma página da vida desse homem, prestando-lhe justa e merecida homenagem.






Prof. F.A.P. em palestra 

               
“Tanto na vida comum, quotidiana, de todos os indivíduos — sejam eles alfabetizados ou não — como na dos homens de cultura, sabedoria e ciência, são quatro os elementos que dão corpo e alma à posição da pessoa diante do mundo e das coisas. Esses quatro elementos chamam-se: fatos, métodos, resultados, teorias.”A criança e o adulto; o ignorante e o sábio; o alfabetizado e o erudito; o introvertido e o extrovertido — todos, sem exceção, agem, reagem e interagem dentro dessa matriz quadridimensional constituída pelos elementos mencionados”.
      Prof. Flávio Augusto Pereira                                    

É de praxe ao se homenagear uma personalidade falarmos da pessoa em si, de sua obra, de sua carreira, de seus títulos e de seus méritos numa sequência tal que, ao trazermos a público a matéria, o leitor se depare com um perfil o mais completo possível do homenageado. Não usaremos esse preceito à risca. Vamos fugir um pouco do viés pessoal para, em vez disso, focarmos o cientista social, o escritor, o criador e incentivador de colóquios, simpósios, palestras e, principalmente, o pioneiro que não media esforços para promover e divulgar a Ufologia, e foi o que fez durante toda sua vida.
               
O HOMEM       

O Prof. Flávio A. Pereira atualmente casado em segundas núpcias com dona Anésia Pereira, nasceu em 19 de fevereiro de 1926 numa cidade simples do interior de São Paulo, Batatais, filho de José Olímpio Pereira Filho, e de dona Rita Oliveira Pereira, família fundadora da livraria e editora de mesmo nome nos anos 30. Formado em História Natural pela Faculdade de Filosofia, Ciências e letras da Universidade de São Paulo, em 1951, já em 1955 o jovem acadêmico publicava uma coluna discorrendo sobre Filosofia da Astronáutica no jornal O Estado de São Paulo. A partir daí a trajetória desse homem e de sua longa carreira de professor, sobretudo no Colégio Rio Branco, Av. Higienópolis, 996 – SP, onde lecionou História Natural por 30 longos anos, foi um contínuo suceder de eventos sobre os mais variados assuntos: Astronáutica, Física, Biologia, História Natural, Parapsicologia, Transcomunicação Instrumental (TCI),  experimento ‘Kírlian’ e discos voadores. Sua paixão pela Ufologia só não foi maior que a devotada aos livros. Dos livros publicados, um há que tem enorme significado para nós ufólogos, trata-se de O Livro Vermelho dos Discos Voadores, obra extraordinária, 486 páginas metodicamente escritas para ser um guia inestimável a todo aquele que se propõe pesquisar o fenômeno com seriedade e cientificismo.

DE SUA FORMAÇÃO

Após graduar-se, o Prof. F.A.P. iniciaria a carreira profissional com a nobre idéia de aprimorar seus conhecimentos científicos, e de transmiti-los em cursos regulares, palestras e/ou colóquios extracurriculares a tantos quantos assim o desejassem. Ele próprio estudou Botânica com Felix Kurt Rawitscher, alemão, doutor honoris causa; Biologia com André Dreyfuss, doutor em biologia, brasileiro de pais franceses; Zoogeografia com Ernest G. G. Marcus, outro renomado mestre alemão; Paleontologia com o mestre norte-americano Keneth Custer; Genética e Biologia evolutiva com o sábio russo Teodosius G. Dobzhansky, professor visitante; Geologia Histórica com dois outros renomados mestres de sua época, Dr. Rui R. Franco, brasileiro, e Dr. Viktor Leinz, mestre alemão fundador da cadeira de Geologia da USP. Expressando-se com desenvoltura em inglês, alemão, francês e espanhol, além do português, o Prof. F.A.P. não teria dificuldades em organizar e presidir, em1955, o Conselho Científico da Sociedade Interplanetária Brasileira. Ali o professor incentivou a formação de um colegiado internacional de Ciências e Erudição com a participação de eminentes mestres de várias partes do mundo. Alguns nomes daquele colegiado já são suficientes para nos dar uma idéia de sua dimensão. Foram convidados, entre outros: Dr. Wernher von Braun, projetista das V2 e do Saturno V e seu chefe em Peenemunde, Maj.-General Walter Dornberger; Prof. Herman Oberth, especialista em foguetes; Prof. Harlow Shapley, astrônomo e diretor do Observatório de Harvard, além de Leonid Sedov, do controverso programa espacial da URSS e Gabriel A. Tikhov, astrônomo russo pioneiro nos estudos da astrobiologia.

· 1950  (lista de graduados da turma de 1950, onde consta Flávio A. Pereira).
Elza Borges Martins; Flavio Augusto Pereira; Juan Nacrur Pereira; Maria de Lourdes Homem de Montes; Martha de Castro; Toshico Fugita; Wanda Eugenia Neves.
Fonte: USP

Posteriormente, em 1957, o Prof. Flavio A. Pereira, atendendo a um convite da Faculdade de Ciências e Letras de Sorocaba, organizou a cadeira de Geografia Astronômica e Astrofísica daquele estabelecimento de ensino. Ainda naquele mesmo ano elaborou, juntamente com o Dr. Tomas Pedro Bun, o programa de Astronáutica para a Escola Técnica da Aeronáutica de São José dos Campos; na época não se sabia de outro curso superior de igual nível sobre o tema no Brasil. Das inúmeras atividades ao longo de sua carreira, o Prof. F.A.P. viria presidir o Instituto Brasileiro de Astronáutica e Ciências Espaciais (IBACE); dirigir a Escola Superior de Ciências de São Paulo; presidir a (ABECE), Associação Brasileira de Estudos das Civilizações Extraterrestres, e, por fim, fundar e dirigir a (CBPCOANI) Comissão Brasileira de Pesquisas Confidenciais dos Objetos Aéreos Não Identificados. Das associações estrangeiras que conheceu e prestigiou, foi membro ativo da American Association For the Advancement for Science, centenária fundação, Pennsylvania 1848, da Society for Physical Reserche, Londres, 1882; da International Lunar Society; e, por fim, da American Society Rocket, NY 1930.

Nota: As associações brasileiras aqui citadas: ABECE, IBACE, CBPCOANI e Escola Superior de Ciências, já não mais existem como entidades atuantes. Em vista disso, pedimos escusas aos nossos leitores por não termos como fornecer sobre elas maiores detalhes.


Enciclopédia Sexual Amor e Matrimônio
De seus livros publicados, podemos destacar A evolução das Atmosferas Planetárias — Especialmente a Terrestre, 1946, José Olímpio Editora, obra pioneira entre nós. Em seguida viria Introdução à Astrobiologia, editado pela Sociedade Interplanetária Brasileira, órgão fundado em 1953 pelo engenheiro Tomas P. Bun, o jornalista e divulgador científico José Reis e o escritor de FC, Jerônimo Monteiro, fundador da SBPC, entre outros. Uma segunda edição seria lançada em 1959 pela José Olímpio Editora. Em 1956, antevendo a corrida espacial e o uso do espaço sideral com todas as suas implicações, escreveu O Problema Jurídico do Espaço Interplanetário. Em 1958, contribuindo com suas idéias para acompanhar as teses dos estudiosos sobre o planeta Marte, o autor daria a público A Natureza dos Possíveis Organismos Marcianos. Em 1967, pela Editora Libra, viria à luz a Enciclopédia Sexual Amor e Matrimônio, obra encadernada em três volumes capa dura. Em seguida viria A Revolução Científica e o Empresário Industrial, 1966. Em novembro de 1969 prefaciou, com palavras proféticas, o livro Eram os Deuses Astronautas, de Erich von Däniken. Em 1982, já em sua 3ª edição, Astrobiologia, 91 páginas, Traço Editora.

Das palestras que proferiu, simpósios e colóquios, divulgados ou não pela mídia, podemos relacionar: Introdução a Astrobotânica e Princípios de Astrobiologia; Biologia Astronáutica ou Fisiologia do Espaço; Metodologia do Ano Geofísico Internacional; Astronáutica e Satélites Artificiais; História das Observações Telescópicas e Teorias do Planeta Marte; A Origem da Vida; Doutrinas Jurídicas e Astronáutica. Em 1958, em São Paulo, viria presidir o I Colóquio Sobre Objetos Voadores Não-Identificados, cujo relatório concluía pela realidade inconteste dos discos voadores; O II Colóquio Sobre Objetos Voadores Não-Identificados, aconteceria ainda em SP, Hotel.

Danúbio, 1967. Entre os anos 69 e 72, num controverso capítulo protagonizado por civis e militares, consta o convite feito por intermédio do então Ministro da Aeronáutica, Brig. José Vaz da Silva, ao Prof. F.A.P. para que colaborasse com a FAB no estudo sigiloso dos discos voadores. Afirma o prof. F.A.P., textualmente, no programa “Inteligência” da TV Gazeta, final dos anos 80, ter-se reunido sigilosamente com o Brig. Vaz. Daquelas reuniões participavam, além de um major e um coronel, cujos nomes não seriam declinados, também alguns civis, todos em anonimato. Em certa ocasião o professor teria participado, inclusive, de sessões de hipnose com testemunhas militares, oficiais e subordinados, na policlínica da própria FAB, omitindo o endereço da especialidade. O que sabemos é que naquela época a policlínica da FAB funcionava na Rua Augusta, 2099, SP Nas sessões de hipnose, sempre de acordo com o professor, vinham à tona não apenas relatos minuciosos sobre os objetos, senão que também contatos com seus ocupantes. Todavia, detalhes daquelas sessões jamais vieram a público, e não temos certeza de que um dia possamos tê-los em mãos. Aos leitores que tenham interesse em conhecer mais a fundo as peripécias ufológicas daquela época envolvendo civis e os militares da FAB, sugerimos consultar a documentação armazenada no site da Revista Ufo [www.ufo.com.br].

O CONTURBADO RELACIONAMENTO ENTRE CIVIS E MILITARES

O relacionamento entre civis e militares sobre questões ufológicas, não só no Brasil, mas no mundo todo foi, é, e continuará sendo um relacionamento conturbado sob todos os aspectos. Conturbado porque a extravagante natureza do fenômeno, e sua suposta periculosidade, impõem distintas abordagens a cada um dos lados.
Em nosso país a questão nos remete ao ano de 1954, quando o então chefe do Serviço de Informações do Estado Maior da FAB, Cel. Aviador João Adil de Oliveira, recém chegado dos USA onde estivera recebendo instruções de como lidar com a questão discos voadores decidira, em 2 de janeiro daquele ano, manifestar publicamente sua posição. Reunindo autoridades civis e militares na Escola Técnica do Exército, Rio de Janeiro, contando inclusive com a presença dos repórteres João Martins e Edmundo Keffel da revista O Cruzeiro cobrindo o evento, o Coronel, após declarar-se publicamente preocupado com o assunto, exortava àquelas autoridades a que tratassem seriamente a questão. Embora somente no final da década de 60 viéssemos a ter um órgão oficial da FAB investigando os discos voadores, o projeto SIOANI, Sistema de Investigação de Objetos Aéreos não Identificados, sediado na IV Zona Aérea (Praça Prof. Oswaldo de Vincenzo, 200 – Cambucí – SP) o ranço já se instalara muito antes. A década de 50 seria pródiga em ondas ufológicas mundiais; no Brasil, se não tivemos ondas, tivemos casos que ainda hoje despertam dúvidas. (O leitor interessado pode consultar o site da Revista Ufo sobre Ubatuba, Ilha de Trindade, Barra da Tijuca, Antonio V. Boas, e outros). Dos casos acima citados, Ilha de Trindade, por envolver diretamente a Marinha de Guerra por um lado, e por outro, grupos de pesquisas e personagens supostamente envolvidos no caso, vem suscitando dúvidas sobre tudo que realmente aconteceu no dia 16 de janeiro de 1958. Daí se conclui que, se para os civis, se para a mídia, com raras exceções, o disco voador pode ser apenas um capricho, uma espécie de lazer mais elaborado de pessoas que se deixam atrair pelo fascínio que o fenômeno exerce sobre elas, para os militares a questão não é bem assim. Ao deparar-se com um objeto supostamente não identificado no ar, em terra ou no mar, ao contrário do civil, a atitude do militar deve ser a do profissional cuja conduta é pautada pela Doutrina de Segurança Nacional, acima de quaisquer outras.
Dos anos 60 para cá aconteceram vários simpósios sobre Ufologia por iniciativa de vários ufólogos e/ou grupos de pesquisas, mas não podemos apontar o Prof. F.A.P. como participante de todos eles. Isto, por um motivo muito simples: a Ufologia continua sendo tema livre, portando seu estudo não se constitui em monopólio de um ou de outro. O que nos propomos destacar nesta matéria é sua persistente e arrojada atuação expondo a Ufologia ao alcance do público leigo, sem se importar com as críticas adversas, e sem medir esforços naquele propósito.
A divulgação ufológica na TV. Como um de seus primeiros trabalhos na mídia televisiva, lembramos aos nossos leitores o programa “Inteligência”, TV Gazeta, final dos anos 80, com apoio da Escola Superior de Ciências (sob a direção de Heleonora Costa Pereira de Mendonça). Ainda hoje, se fizermos buscas meticulosas na internet, é possível conferir alguns daqueles vídeos. Em 1974, o Prof. F.A.P. presidiu o 4º Colóquio Brasileiro Sobre Objetos Aéreos Não Identificados. Nesse mesmo ano atuou como Moderador no 4º Simpósio Nacional da ABECE. Evento que teve como presidente de honra o renomado astrofísico norte-americano e consultor da USAF, Dr. Allan Hynek, e contou, ainda, com a honrosa participação do General Moacir de Mendonça Uchoa. Já um pouco mais recente, final dos anos 90, o Prof. F.A.P. voltaria a atuar na mídia televisiva. Suas apresentações na TV Record com o quadro “Vídeo Ciência”, uma inserção no programa “Esporte Motor” aos sábados, e com apresentação de Márcia Peltier, seria basicamente uma retrospectiva de toda sua atividade ufológica até então. O leitor que se dispuser a pesquisar esses vídeos (até recentemente, disponíveis no youtube) poderá rever o professor esbanjando energia na telinha, seguro de si e bem humorado como sempre. Na série apresentada na Record, carinhosamente apelidada por ele de a “Glasnost” (abertura) da Ufologia brasileira, foram lembrados alguns casos acontecidos no Brasil, nos USA e na Europa, mormente durante a segunda grande guerra, com ligeiro comentário sobre os “foo fighters”, embora não fosse esse o propósito daquele programa.

OS “FOO FIGHTERS”
Durante a segunda grande guerra, de 39 a 45, aconteceram certos eventos ufológicos aéreos que despertaram a atenção dos militares envolvidos no conflito. Estranhas bolas luminosas, que passariam a ser conhecidas por foo fighters, acompanhavam os aviões de combate com a nítida impressão de estarem observando-os.

O termo “foo”, provavelmente surgiu como corruptela da palavra francesa feu, fogo, que os ingleses pronunciavam “fu” e “fighter” do termo inglês significando combatente. As estranhas bolas de luz apareciam sempre que se desencadeavam combates aéreos, e logo seriam motivo de controvérsia entre os pilotos, seus artilheiros, entre o pessoal de terra, e também entre seus superiores.
Foo-fighters seguindo aviões de combate na seg. grande guerra

Ressalte-se que os eventuais comentários do Prof. F.A.P. sobre aqueles casos tinham o propósito de atender as intervenções da apresentadora Márcia Peltier, que objetivava, ela sim, despertar ainda mais a curiosidade dos telespectadores. O professor não só procurava tratar a Ufologia de maneira simples e compreensível para a maioria de nós leigos, como despi-la de uma roupagem fantasmagórica que, ainda hoje, tanta dificuldade nos acarreta em seu estudo e em seu equacionamento de algo material, concreto, insofismável. Sua dialética, se assim podemos nos referir à abordagem que fazia da problemática discos voadores, assentava-se no emblemático triângulo “ONI”, criado por ele, ver página 239 do livro em questão: “Propulsão-Tecnologia”—“Intenções-Logística”—“Procedência-Operadores”. Por operadores, o professor se referia aos ocupantes dos objetos (seres vivos, no seu entender) posto que, à época, pouco ou quase nada sabíamos sobre eles. Há no livro, da página 375 à página 382, uma ligeira especulação sobre o tema. Das conjecturas, sem notáveis aprofundamentos, participam: Aimée Michel e René Fouéré, do GEPA, e Jimmy Guieu, autor de FC. Observe-se que estudos sobre a tipologia humanóide são, ainda hoje, incipientes. Se lidar com o disco voador é algo extremamente complicado por tudo que o caracteriza; estudar seus ocupantes do ponto de vista sociológico, exobiológico, estabelecer sua tipologia de maneira que seja aceita sem contestações na comunidade ufológica parece ser uma tarefa virtualmente impossível.

TIPOLOGIA DOS EXTRATERRESTRES


            Um dos mais intrigantes e controvertidos aspectos da Ufologia diz respeito à natureza dos ocupantes dos discos voadores. A profusão de tipos, a diversidade de comportamento, o aspecto bizarro de alguns deles, a agressividade em certos casos em contraste com a extrema docilidade em outros, bem que poderiam demandar longos e laboriosos estudos a respeito. A casuística compilada nestas últimas décadas deve ser suficiente para uma tarefa de tal envergadura, mas este não parece ser o caso. Poucos são os estudiosos da Ufologia que ousaram enveredar por esse caminho. No Brasil, e porque não dizer no mundo, o trabalho que mais chama a atenção é o do pesquisador gaúcho Jader Pereira, levado a efeito no final do anos 60 sobre 230 casos catalogados.

O estudo de Pereira é longo, detalhista, define 12 categorias básicas e 23 variações e, embora não sendo conclusivo, é o mais completo já efetuado. Posterior ao trabalho de Pereira, são os estudos de Jacques Valée na França, de Geneviece Vanquelef, de J. A. Hynek nos USA, de George Edwards, de Juan B. Olmos na Espanha e Eric Zurcher, Suíssa. Todos os autores aqui citados elaboraram, de uma forma ou de outra, algum estudo sobre os humanóides, sem grande progresso, porém. Mais recentemente, uma classificação apenas tipológica, mas muito bem aceita pela Ufologia brasileira, foi efetuada por Claudeir Covo e Paola Lucherini Covo, do INFA. A classificação morfológica de Claudeir e Paola, por nos apresentar de forma clara, embora restrita, os seis tipos básicos (Alfa, Beta, Gama, Delta, Ômega e Sigma) de seres que povoam a casuística ufológica, traz enorme facilidade para nós ufólogos. Isso nos permite nomear 99,99% dos tipos com os quais se deparam os contatados de terceiro ao quinto grau.

Nota: Temos conhecimento de inúmeros outros trabalhos que trazem a assinatura do Prof. F.A.P., todavia por serem trabalhos datados de vinte, trinta, quarenta ou até cinquenta anos já, muito pouco podemos comentar sobre eles. Ainda assim, os extratos abaixo podem dar uma idéia a nossos leitores da importância de alguns de seus livros e do pioneirismo de nosso homenageado ao abordar temas espaciais, o que fez durante toda sua vida de acadêmico.

Pereira, F. A. 1958, Astrobiologia. São Paulo: Sociedade
Interplanetária Brasileira
Quillfeldt, J. A. 2009, Disciplina BIO10-012 Exobiologia.
Accessado em 09/09/2009. Disponível em http://www.
exobiologia.ufrgs.br/
Rothschild, L. J. & Mancinelli, R. L. 2001, Nature, 409,
1092
Sagan, C. 1962, AJ, 67, 281
Schneider, J. 2006, Enciclopédia dos Planetas Extrasolares,
CNRS-LUTH, Observatório de Paris, acessado
em 30 de Abril de 2006, 05:30 UTC, disponível em:
http://vo.obspm.fr/exoplanetes/encyclo/catalog.php
Staley, J. T. 2003, Current Opinion in Biotechnology, 14, 347
Struhold, H. 1953, The Green and the Red Planet: A
Physiological Study of the Possibility of Life on Mars.
Albuquerque: University of New Mexico Press
Tikhov, G. A. 1949, Astrobiotany, Alma Ata: Kazakhstan
SSR Academy of Sciences Press
Tikhov, G. A. 1953, Astrobiologii, Moscow: Molodaya
Gvardia Press
Gabriel Tikhov usou o termo Astrobiotany numa
publicacão em 1949 (Tikhov 1949) e publicou um artigo intitulado
Astrobiologia poucos anos depois (Tikhov 1953).
Outras citacões antigas incluem as de Hubertus Struhold
(Struhold 1953) e Flávio Pereira, aqui no Brasil (Pereira, 1958).
Fonte: Boletim da Sociedade Astronômica Brasileira – SAB 2010

Os extratos abaixo relacionam pelo menos três livros do mestre na biblioteca do Congresso Norte-Americano.

The Library of Congress has three of Flávio Augusto Pereira's books:
Author:        Pereira, Flávio Augusto.Title:         O livro vermelho dos discos voadores [por]
                  Flávio A. Pereira.
Published:     São Paulo, Edições Florença [1966]
LC Call No.:   TL789.P43

Fonte: Biblioteca do Congresso Norte-Americano

Author:        Pereira, Flavio Augusto.
Title:         A revolução científica e o empresário
                  industrial [por Flávio A. Pereira].
Published:     São Paulo, 1966.
LC Call No.:   Q125.P465
Fonte: Biblioteca do Congresso Norte-Americano

Title:

A evolucao das atmosferas planetarias, especialmente a terrestre.
Authors:

Publication:

Sao Paulo, J. Olympio, 1946.
Publication Date:

00/1946
Origin:

LOC
Keywords:

ATMOSPHERE, SOLAR SYSTEM
Comment:

LCCN: 50-2700 (PREM); CALL NUMBER: QB505 .P4
Bibliographic Code:


Fonte: NASA


A MALFADADA COMISSÃO CONDON E SUA FORMAÇÃO

Edward U. Condon, Dr. em filosofia e professor de física da Universidade do Colorado; Robert Low, Dr. em filosofia e coordenador do projeto; Stuart W. Cook, Dr. em filosofia; David E. Saunders, Dr. em filosofia; Joseph H. Rush, meteorologista; William Blumen, astro-geofísico; Michel Wertreimer, psicólogo; Franklin Roach, astro-físico, entre outros: alguns estudantes, estagiários e um tipógrafo.
A Comissão Condon (de acordo com Richard H. Hall, diretor assistente da NICAP) teve como embrião uma crítica do então Senador Republicano Gerald Ford quando, em 1965, inconformado com o descaso da USAF no trato com os UFOS e a total ineficiência do projeto Blue Book e seus precedentes, propunha novas investigações sobre o fenômeno. Até então a Força Aérea vinha sendo cobrada por suas ações desde a má impressão causada pelo Painel Robertson, em 53, quando um grupo de notáveis da comunidade científica, em dois dias de confabulações sobre um punhado de casos que, dizem, foram escolhidos a dedo, concluía: 1) Não existem provas de qualquer ação hostil por parte dos discos voadores; 2) Não existem provas da violação do espaço aéreo americano por qualquer potência estrangeira e; 3) Recomenda-se que se leve ao público um programa de esclarecimentos sobre fenômenos atmosféricos que possam causar erros de interpretação, tais como: relâmpagos globulares, meteoros, halos, balões, esteiras de vapor, etc. Do painel Robertson tomaram parte: Dr. H. P. Robertson, físico teórico, do CALTCH, Prof. Luís W. Alvarez, físico, Prof. Thorston Page, Prof. Lloyd V. Berkner, Prof. Samuel A. Goudsmit, além de: Brig. Garland, diretor do ATIC, Ralph L. Clarck, Philip G. Strong, H. Marshal Chadwell, os três da CIA, e o nosso já conhecido Dr. Joseph A. Hynek, que recusaria assinar o relatório. Note-se que esta decisão da USAF, que jamais foi posta em pratica, só foi tornada pública cinco anos depois, e em total desacordo com o que dizia o então Capitão Edward Ruppelt em seu livro: Report on Unidentified Flying Objects, em 1956. De acordo com Ruppelt, recomendara-se a ampliação do projeto, a contratação de cientistas de renome, a desmistificação do fenômeno e sua total divulgação pública. Isto quer dizer que, de 53 até 66, foram mais de dez anos de anunciados e desmentidos, de liberações e proibições, que transformaram a questão discos voadores na mais quixotesca novela de que se tem notícia sobre um fato científico. Em outubro de 1966, a USAF decidia por em prática nova estratégia para estudar os discos voadores. Num contrato assinado com a Universidade do Colorado, montava-se uma comissão de notáveis, de âmbito civil, e com real interesse no assunto, cujo comando caberia a um físico de renome dentro e fora dos USA, Edward U. Condon. Acontece que Edward U. Condon (ainda de acordo com Richard H. Hall) ao contrário de seus comandados, vinha com um propósito inconfessável em mente, o de negar toda e qualquer evidência que corroborasse a gritante realidade dos discos voadores. A bem da verdade, a Comissão Condon sequer faria novos estudos, dispunha-se apenas a analisar as conclusões dos relatórios anteriores, incluindo aí o desacreditado Painel Robertson. Edward U. Condon sequer se preocupava em dirigir os trabalhos, delegando a responsabilidade que era sua, ao coordenador do projeto, Sr. Robert J. Low, cuja preocupação maior era fazer política, e não ciência. Começava mal, pois, a última tentativa oficial da USAF, de que se tem notícia, de ludibriar a comunidade ufológica e a opinião pública sobre a realidade dos discos voadores.
No decorrer dos anos seguintes, vários foram os dissabores provocados pela leviandade com que se conduziam os trabalhos daquela Comissão, e inúmeras as reportagens nos mais diversos órgãos de imprensa criticando sua conduta. Nem Robert J. Low, nem seu chefe, Edward U. Condon, que a essa altura sofria severas admoestações, demonstravam qualquer preocupação com o que pudesse pensar deles a opinião pública. Apoio à Comissão Condon jamais faltou. Reportemos o que diz Richard H. Hall, da NICAP, em depoimento pessoal:

“At NICAP we began a massive project of copying files for the Colorado scientists, also working closely with McDonald and keeping him supplied with historical case files as well as the latest information. For over a year we cooperated fully with the project, providing help and advice of many kinds and submitting hundreds of strong cases for their study. NICAP Subcommittee teams willingly participated in the "early warning network" established for the project by Dr. David R. Saunders to alert project members to new and potentially significant cases.
Along the way, Dr. Condon periodically made skeptical or debunking statements in public, to the dismay of other project members and to the concern of NICAP (Reference 3.). Throughout 1967 we continued to voice solid support for the Condon Committee in our membership publication, The U.F.O. Investigator. But Condon's repeated indiscretions made it increasingly difficult for us to continue on this path.”


O leite azedaria de vez quando, em janeiro de 68, Dr. James E. MacDonald, físico da Universidade do Arizona, em ácida carta a Robert J. Low, questionava o que seria a tal artimanha (trick will be) em andamento, a constar do relatório final. Naquela altura, Dr. James E MacDonald fazia coro com Dr. Joseph Allen Hynek, o recém convertido “Paulo de Tarso” da Ufologia, carta na Science Magazine, 1966, em crítica a seus pares, e agora crítico feroz do modo como a USAF tratava a questão discos voadores. Desta vez foi a gota d’água, e o que bastou para que Edward U. Condon chutasse o balde. Não só acusou membros da Comissão de deslealdade, como demitiu a David Saunders e Norm Levine, e não contente com isso, ligou para o diretor da Universidade do Arizona para acusar James E. MacDonald de roubo. A credibilidade da Comissão acabaria por ruir de vez quando, em maio de 68, a revista LOOK publicava devastadora entrevista concedida a John Fuller por James E. MacDonald e alguns membros da NICAP, ainda em atividade. O título “Flying Saucer Fiasco” e o subtítulo: "The extraordinary story of the half-million-dollar 'trick' to make Americans believe the Condon committee was conducting an objective investigation", já nos dá uma ideia de seu conteúdo. Depois disso, melancolicamente, a Comissão Condon seria oficialmente encerrada em dezembro de 1969 declarando a inconsistência do fenômeno UFO, embora deixasse sem qualquer explicação 30% dos casos analisados. Por sua vez, o projeto livro azul seguiria na UTI até Janeiro de 1970, quando foi definitivamente desativado. Abaixo, com a palavra o secretário da USAF, Sr. Robert C. Seamans, anunciando o fim do projeto Blue Book


Robert C. Seamans, Jr. , Secretário da USAF, anunciando o término dos projetos de estudos dos discos voadores.

Secretary of the Air Force Robert C. Seamans, Jr., announced today the termination of Project Blue Book, the Air Force program for the investigation of unidentified flying objects (UFOs).
             In a memorandum to Air Force Chief of Staff General John D. Ryan, Secretary Seamans stated that "the continuation of Project Blue Book cannot be justified either on the ground of national security or in the interest of science," and concluded that the project does not merit future expenditures of resources.
             The decision to discontinue UFO investigations was based on:
             - An evaluation of a report prepared by the University of Colorado entitled "Scientific Study of Unidentified Flying Objects."       
            - A review of the University of Colorado's report by the National Academy of Sciences.
            - Past UFO studies.
            - Air Force experience investigating UFO reports during the past two decades.
             Under the direction of Dr. Edward U. Condon, the University of Colorado completed an 18-month contracted study of UFOs and its report was released to the public in January, 1969. The report concluded that little if anything has come from the study of UFOs in the past 21 years that has added to scientific knowledge, and that further extensive study of UFO sightings is not Justified in the expectation that science will be advanced. 
            The University of Colorado report also states that, "It seems that only so much attention to the subject (UFOs) should be give as the Department of Defense deems to be necessary strictly from a defense point of view....it is our impression that the defense function could be performed within the Framework established for intelligence and sur­veillance operations without the continuance of a special unit such as Project Blue Book, but this is a question for defense specialists rather than research scientists." 
            A panel of the National Academy of Sciences made an independent assessment of the scope, methodology, and findings of the University of Colorado study. The panel concurred in the University of Colorado's recommendation that "no high priority in UFO investigations is warranted by data of the past two decades." It concluded by stating that, "On the basis of present knowledge, the least likely explanation of UFOs is the hypothesis of extraterrestrial visitations by intelligent beings." 
            Past UFO studies include one conducted by a Scientific Advisory Panel of UFOs in January, 1953 (Robertson Panel); and, a review of Project Blue Book by the Air Force Scientific Advisory Board Ad Hoc Committee, February-March, 1966 (Dr. Brian O'Brien, Chairman). These studies concluded that no evidence has been found that any of the UFO reports reflect a threat to our national security. 
            As a result of investigating UFO reports since 1948, the conclusions of Project Blue Book are:  (1) no UFO reported, investi­gated, and evaluated by the Air Force has ever given any indication of threat to our national security; (2) there has been no evidence submitted or discovered by the Air Force that sightings categorized as "unidentified" represent technological developments or principles beyond the range of present-day scientific knowledge; and (3) there has been no evidence indicating that sightings categorized as " unidentified " are extraterrestrial vehicles. 
            Project Blue Book records will be retired to the USAF Archives, Maxwell Air Force Base, Alabama. Requests for information will continue to be handled by the Secretary of the Air Force, Office of Information (SAFO1), Washington, D.C. 20330

                Terminava assim, chocho, inconsistente e absolutamente inconcludente, o relatório Condon

O LIVRO VERMELHO DOS DISCOS VOADORES

Falar de O Livro Vermelho dos Discos Voadores do Prof. F.A.P., (foto) Edições Florença Ltda., 1966, não é simplesmente falar de um trabalho pioneiro feito no Brasil sobre o assunto. É comentar uma obra que ainda hoje, 40 anos após ser editada, permanece como um guia ao iniciante e um manual de consulta para todos nós, além de oferecer-nos um rico acervo de idéias, teses, teorias, especulações e a casuística da época compilada de relevantes órgãos de pesquisas do exterior. Muitas das ideias ali expostas, a despeito do tempo decorrido e de novas formulações terem surgido desde que foram publicadas, ainda despertam interesse e suscitam debates em eventos ufológicos mundo afora. A nosso ver, todas elas, compatíveis ou não com os conhecimentos atuais, são de inestimável valor para o estudioso que pretenda empreender uma caminhada elucidativa pelos meandros da Ufologia, e se considerar minimamente bem informado sobre os fatos ufológicos de um passado não muito distante.
Não por acaso reservamos a parte final deste trabalho para abordar seu conteúdo com um pouco mais de espaço, na justa medida de seus méritos, em nosso propósito de homenagear o cientista reconhecido por todos como o homem que deu início à prática ufológica metódica e organizada no Brasil.


O livro, único que o autor dedicou ao tema, mas que todo ufólogo da velha guarda conhece e bem, foi construído com o cuidado que devemos dispensar a toda tese científica cujo propósito não seja apenas o de bem informar, mas também o de apontar caminhos e fomentar discussões. Todavia os leitores mais atentos vão deparar com uma sentida lacuna no seio de suas quase quinhentas páginas, falha essa que não pode ser debitada ao autor. Trata-se do famoso e controvertido relatório da Comissão Condon. Esta Comissão, sob a direção de Edward U. Condon, físico teórico da Universidade do Colorado, foi formada para emitir um parecer final aos casos estudados no projeto Blue Book, e veio a público em 67, justamente quando o livro do Prof. F.A.P. já estava impresso.



O Livro Vermelho dos Discos Voadores           

        Existem os discos voadores? Esta é a primeira pergunta que nos assalta a mente, e a mente exige resposta porque se trata de assombroso desafio. Ora, pelo itinerário fenomenológico levantado pelo autor neste volume, tudo leva a crer que sim. E — por existirem — surge daí a segunda pergunta: De onde vieram?... Incógnita! Como vieram?... Outra incógnita! O que intencionam?... Milhões de suposições e premissas!

Palavras do Dr. Methodios Kalkalief para o prefácio de O Livro Vermelho dos Discos Voadores do autor
                                              
PARTE I — OS FATOS

A tarefa idealizada pelo Prof. F.A.P. de sintetizar em seu livro o pensamento ufológico da época: inicia-se na parte I com o título de — os fatos — onde reproduz, da página 13 à página 89, um sumário do catálogo da National Investigations Committee On Aerial Phenomena (NICAP), em português: Comissão Nacional de Investigação dos Fenômenos Aéreos. A Comissão fundada em 1956 pelo físico Thomas T. Brown, cujas atividades seriam encerradas em meados dos anos 90, depois de um período de altos e baixos, teria como um de seus diretores mais profícuos o major Donald E. Keyhoe, da reserva da Marinha. Suas tábuas aqui citadas, embora não sejam minuciosas na descrição dos eventos relatados, registram um longo período de observações, indo de 1896, onda sobre a Inglaterra, até meados de 1960, apontando ocorrências nos quatro quadrantes do globo. Nas primeiras páginas desse livro nos damos conta de que iniciativas de personalidades civis americanas em criar órgãos de pesquisa dos discos voadores na década de 50, seriam dignas de louvor não só por trazerem a público um assunto polêmico, mas também por desencadear entre os parlamentares do congresso norte-americano, acalorados debates sobre o assunto. Ambas as organizações, APRO e NICAP, nasciam na esteira de controversos projetos de pesquisas no seio das forças armadas, como veremos em seguida. Ao projeto “Sign”, oficialmente o primeiro criado pela USAF no ano de 1948, e que pouco ou nada fez para esclarecer a opinião pública sobre os discos voadores, suceder-se-ia o projeto “Grudge”, literalmente, em português, rancor e/ou de má vontade. O projeto “Grudge”, a bem da verdade, apenas mudança de nome de seu antecessor, teria seu encerramento extra-oficial (mas não de fato) em dezembro daquele mesmo ano com uma nota curiosa dada a público em seu relatório, ver pg. 41 do livro, aqui reproduzida no original em inglês: Because of our nuclear bomb and spacerocket tests, we are likely at this time above all to be observed by space visitors concerned over possible agression by earth races”. Sem comentários. Em março de 1952, mesmo ano da fundação da APRO, o projeto “Grudge” se transforma, às ocultas, no famoso projeto “Blue Book”, este agora sob a direção do Capitão da USAF Edward J. Ruppelt, com amplos poderes de investigação sobre todo o território norte-americano.
Obs.: O Prof. F.A.P., cônscio de sua responsabilidade para com seus leitores com respeito aos discos voadores, teve o cuidado de reproduzir em seu livro amplas notas e comentários no original em inglês sobre o período mais conturbado de que se tem notícia das pesquisas oficiais e civis norte-americanas. Com isso, quis o autor dirimir quaisquer dúvidas quanto à sua autenticidade. Nossos leitores encontrarão ainda, da página 71 à página 86, em português, o relatório confidencial da NICAP, assinado por Donald Keyhoe, ao Congresso Norte-Americano, alertando aquela casa para a seriedade do problema.
Avançando em nossa leitura e análise, vamos encontrar a partir da página 91 até a página 116, o catálogo do engenheiro francês Aimé Michel, como consultor especial do Groupement D’etude de Phenomenes Aeriens et Objects Spatiaux Insolite, (GEPA), ou Grupo de Estudos de Fenômenos Aéreos e Objetos Espaciais Insólitos. O GEPA foi dirigido, de 1964 até 1970, por Lionel Chassin, general da força aérea do exercito francês e comandante da NATO, Organização do Tratado do Atlântico Norte. As tábuas citadas, dadas a público por Aimé Michel em seu boletim trimensário Pheénomènes Spatiaux, Fenômenos Espaciais, abarcam a grande onda de 54, e são ligeiramente mais detalhadas. A partir da página 117 até a página 151, seguem-se os relatórios de Jacques Vallée, cujas tábuas abrangem um longo período de observações ufológicas, oferecendo-nos uma visão panorâmica da casuística tabulada desde remotas eras até os dias de hoje. Os relatos incluem ainda observações da força aérea americana, de 47 a 52, e o período francês, de 52 a 60. Da página 153 à página 167, temos as tábuas de Jim e Coral Lorenzen, fundadores da Aerial Phenomena Research Organization (APRO). A organização dirigida pelo casal Lorenzen causou alguma agitação nos meios ufológicos quando, em 31 de março de 1961,  encaminhou ao então presidente John F. Kennedy um manifesto assinado por seu diretor de relações públicas, Sr. Leslie J. Lorenzen, exortando-o a que tomasse posição pública no caso dos discos voadores. O manifesto relacionava, entre outros, o emblemático caso Ilha de Trindade (Ver Revista Ufo, ed. 180, agosto de 2011) que vinha recheado de informações repassadas aos americanos pelo Dr. Olavo Fontes. Hoje sabemos que a iniciativa de pressionar JFK deu em nada. Outros dizem que serviu sim para desencadear um clima de competição entre a APRO e a NICAP. Fato é que o grupo dirigido por Donald Keyhoe centrava seu poder de fogo ora em cima dos militares, na figura da força aérea do exército, ora sobre o Congresso Americano, enquanto que a APRO ousou incomodar o presidente. Ao fim e ao cabo, nenhum dos dois logrou o sucesso esperado, e se houve realmente entre eles o propalado mal estar, ou clima de competição, cá entre nós, entre grupos ufológicos isso não é novidade. Prova disso é que alguns anos após aqueles eventos, quando o então eminente cientista J. Allen Hynek, crítico feroz da USAF e da Comissão Condon, fundador do CUFOS, pretendeu estreitar a colaboração entre seu grupo e os demais grupos de pesquisas norte-americanos APRO, NICAP e MUFON, teve uma triste decepção. Dos três, apenas a MUFON aceitaria participar de pesquisas conjuntas, assim mesmo, com restrições. Todavia nas tábuas das comissões civis americanas podemos constatar, conforme extrato reproduzido abaixo, a meritória colaboração de eminentes ufólogos brasileiros com inúmeros casos ocorridos em nosso território. Caso forte Itaipu, Itanhaem; vários casos no Rio Grande Sul; vários casos na costa brasileira, proximidades da Ilha da Trindade; caso avião da Varig, Santa Catarina; casos no nordeste brasileiro e em vários outros estados da federação. Nossa intenção aqui, ao aludir aos casos registrados nesse livro e pesquisados por civis e militares dos USA, é a de chamar a atenção de nossos leitores para o fato de que a problemática discos voadores, já naquela época, preocupava seriamente as grandes potências estrangeiras.

Nota: Em 1968, o desaparecimento prematuro do Dr. Olavo Fontes, vítima de um câncer fulminante, seria motivo de profunda tristeza para a Ufologia brasileira. O Dr. Olavo T. Fontes foi, além de pesquisador, um colaborador muito próximo do professor F.A.P. Com a morte do amigo, o professor passaria a representar nosso país junto à APRO. O extrato de um boletim da NICAP no original em inglês nos dá bem uma ideia da colaboração dos ufólogos brasileiros para com alguns órgãos de pesquisas norte-americanos: APRO e NICAP.
Brazil: UFO activity has been virtually constant in Brazil during the past 10-15 years. The number and quality of sightings has been at least equal to that of the U.S., and since 1952 sightings have been reported much more openly than in this country. In 1958, the majority of experienced UFO investigators, many of whom had published bulletins or headed small UFO groups, formed the ‘Comissão Brasileira de Pesquisa Confidencial Sobre Objetos Aereos Nao Identificados (CBPCOANI),’ a top level commission to promote scientific investigation of UFOs on an international basis. Members of the Commission include Dr. J. Escobar Faria (Attorney and author), a NICAP Adviser; Dr. Olavo Fontes, (M.D.), adviser to the Aerial Phenomena Research Organization (APRO), Tucson, Arizona; Prof. Flavio Pereira President (also President of the Scientific Council, Brazilian Interplanetary Society); Cmdr. A.B. Simões (airline official and writer). Significantly, the Commission includes representatives of the Brazilian armed services. As in Argentina, UFOs are considered an important problem justifying the formation of civilian-military agencies for continuous investigation. Virtually every large coastal city, military base, and airport of Brazil has been visited by UFOs, and witnesses have included high-ranking officers, public officials and scientists. A formation of "circular silver-colored" objects, apparently "mechanical" devices, were observed by FAB (Brazilian Air Force) officers and men, as well as airline personnel and civilians, as they sped over Porto Alegre AFB, October 24, 1954. [15]

(SAUCER)
PORTOALEGRE BRA2IL.--THE AIR FORCE BASE HERE REPORTED THAT "CIRCULAR, SILVER-COLORED OBJECTS MOVING AT TREMENDOUS SPEEDS HAD BEEN SIGHTED OVER THE BASE LAST SUNDAY.
A STATEMENT DISTRIBUTED BY THE BASE COMMAND SAID THE PHENOMENON WAS REPORTED IMMEDIATELY TO THE AIR MINISTRY IN RIO DE JANEIRO WITH A REQUEST FOR INVESTIGATION.
THE STATEMENT SAID THE BODIES WERE NOT CELESTIAL "BECAUSE THEIR MOVEMENTS APPEARED MECHANICAL AND INTERMITTENT." NO BALLOONS WERE ALOFT AT THE TIME THE BASE ADDED.
"'IT WAS IMPOSSIBLE TO CALCULATE THE ALTITUDE OR VELOCITY AT WHICH THE OBJECTS MOVED BUT THE SPEED WAS GREATER THAN ANY OF WHICH THE BASE HAS KNOWLEDGE, THEIR GENERAL SHAPE WAS CIRCULAR, SILVER-COLORED AND SHIMMERING."
THE STATEMENT SAID THE OBJECTS WERE OBSERVED BY OFFICERS AND ENLISTED MEN OF THE AIR BASE, BY PERSONNEL OF THE VARIG AIRLINE 'AND BY A NUMBER OF CIVILIANS IN THE CITY, BETWEEN 1 P.M. AND 6 P.M. SUNDAY.
10/27-- PA 306P

A startling incident on November 21, 1954, was reported on the front pages of newspapers in South and Central America, and in England, but apparently not in the U.S. A Brazilian airliner in flight near Rio de Janeiro, at night, encountered 19 glowing saucer-shaped objects. The UFOs flew at high speed within about 300 feet of the plane causing a panic among the passengers.

Fonte: The NICAP Bulletin, the ufo evidence, section x

Da página 169 à página 184, temos as tábuas de Jimmy Guieu e Aimée Michel da Comission Internationale D’enquete (OURANOS) França, fundada em 1951, também bastante comentadas. Da página 185 à página 198, temos, em conjunto, as tábuas internacionais de Coral Lorenzen, Aimée Michel, Jimmy Guieu, Jacques Valée e Michel Carrouges analisando os ocupantes dos Ufos. Essas tábuas, ainda hoje, se apresentam como inesgotável fonte de informações sobre nossos visitantes. Tanto ontem quanto hoje, são muitos os ufólogos que queimam seus neurônios tentando entender o comportamento dos extraterrestres. Por fim, da página 201 à página 204, o autor completa a parte I do livro citando o catálogo da Deutschen UFO/IFO Studiengemeinschaft (DUIST) da Alemanha Ocidental, com uma lista de testemunhas qualificadas e/ou graduadas, entre as quais: pilotos, militares, operadores de radar, engenheiros e cientistas. A seguir, encerra com uma nota de 6 páginas sobre IV Congresso Internacional de Ufologia realizado pela Alemanha em Wiesbaden, onde o autor reproduz a fala de ninguém menos do que o Prof. Hermann Oberth, um dos participantes daquele encontro.

Nota: Pedimos aos nossos leitores que não estranhem as interseções de dezenas e dezenas de casos em inúmeras tábuas aqui citadas. Como procedimento de trabalho, os casos são registrados pelos vários grupos de pesquisas espalhados pelo mundo, independente de terem sido já objeto de estudo deste ou daquele órgão.

PARTE II — OS MÉTODOS

O Prof. F.A.P. inicia a parte II de seu livro com uma nota de reconhecimento público ao trabalho de Jacques Valée, especialista em processamentos de dados e um dos mais dedicados estudiosos de Ufologia de que se tem notícia. Da página 215 à página 220, o autor desenvolve em pequenos tópicos — parágrafos soltos — ideias suas ou compiladas de terceiros que encerram, por si só, verdadeira aula de como abordar técnica, científica e racionalmente a questão ufológica. Reproduziremos aqui alguns desses tópicos. Esperamos que, com sua leitura, os novos aficionados da Ufologia sintam-se ainda mais incentivados a prosseguirem trilhando o incômodo, porém fascinante caminho das pedras em busca da verdade sobre os discos voadores. Esta sequência não obedece rigorosamente o livro, senão que pinça alguns pontos tidos por nós como mais sugestivos.

1.                            “A esmagadora maioria dos cientistas, técnicos e do público em geral não teve jamais acesso aos arquivos e cadastros relacionados com os *ONI, tanto nos E.U., quanto na Europa e em outros países.”
2.                            “A respeito dos ONI, as comunicações entre os homens de ciência obedecem a padrões medievais de informação.”
3.                            “O ridículo não faz parte do método científico, e o público não deveria ser conduzido a considerar o assunto dos ONI como sendo passível de ridículo.” (Dr. J. Allen Hynek, astrofísico).
4.                            “Apenas a análise racional fundamentada em fatos reais pode servir-nos de guia em qualquer tentativa de compreendermos possíveis manifestações de inteligência extraterrestre.”
5.                            “O problema básico, cientificamente falando, não consiste em explicar, mas sim em analisar.”
6.                            “O ‘nível de ruído’ nos relatórios ONI é indubitavelmente muito elevado. (Chama-se assim a fração de relatórios que se explicam em termos de categorias conhecidas: aviões, meteoritos, balões, satélites artificiais, burlas e alucinações).”
7.                            “Provavelmente, estamos diante de um problema sociológico, embora nenhum historiador ou sociólogo profissional tivesse já se interessado cientificamente por ele...”
8.                            “Para ser eficaz, o estudo de um fenômeno ainda não pesquisado requer tempo e uma combinação de técnicas usadas por equipe homogênea de pesquisadores e mais um cadastro de dados.”

* ONI, acrônimo de objeto não identificado.

“Tratar cientificamente um problema significa:

“1º) observar o fenômeno focalizado, ou reunir dados a seu respeito;

“2º) submeter esses dados a uma operação intelectual específica, quer dizer, indução incompleta;

“3º) pela indução, passamos dos dados ou informações individuais ou isoladas para uma conclusão mais geral ou generalizada;

“(4º) a partir dessa generalização, podemos refazer o caminho inverso, isto é, podemos deduzir ocorrências isoladas ou individuais.”

“O problema dos Discos Voadores presta-se irrecusavelmente a esse tratamento.”
Prof. Flávio A. Pereira

Os leitores que tiveram a paciência de nos acompanhar até aqui já devem ter percebido a meticulosidade com que o autor norteou a construção do livro. Ao expor o assunto por ordem de importância, indo da casuística para os métodos de pesquisas, destes para os resultados, e dos resultados para as teorias: o prof. F.A.P. acabou por oferecer-nos um documento de extraordinária repercussão nos meios ufológicos. A metodologia empregada deixa explícito ao leitor atento uma abordagem científica da problemática discos voadores e suas incógnitas.
A seguir, na página 237 do livro, deparamos com um longo comentário sobre a confiabilidade das fontes de informações que, tanto se aplica ao idioma de origem, quanto à semântica empregada. Por acreditarmos ser de suma importância em pesquisas ufológicas tal confiabilidade, tanto quanto o rigor com que as transcrevemos, reproduzimos aquela nota palavra por palavra:

Ponto nevrálgico: A confiabilidade das fontes (pg. 237 do livro)

Há um termo da moderna técnica de pesquisa operacional e teoria da informação, que muito se aplica ao problema da análise dos ONI. Trata-se do termo inglês reliability, que em português podemos traduzir por grau de confiança ou confiabilidade.
Evidentemente, a confiabilidade dos relatórios é variável. Contudo, podemos chegar à homogeneidade e consistência por meio de redução das informações a uma base comum em termos de um sistema rigidamente definido de classificação.
Mesmo assim é difícil, quase impossível eliminar por completo as influências semânticas. Descrições feitas por um francês são em geral mais minuciosas do que as de um norte-americano. Palavras usadas para designar a mesma coisa, ou o mesmo fenômeno, serão muito diferentes se a testemunha falar apenas o japonês, ou o chinês, ou o português, ou o russo.
Assim, a palavra ‘cigar’ pode designar mesmo um charuto, mas pode ser um ‘egg’ (ovo) ou um ‘saucer’ (pires).
O Dr. Jacques Valée demonstrou com grande acuidade o perigo da confusão semântica na análise dos ONI.
De sua pesquisa ressalta a seguinte importante conclusão: constitui um crasso erro lógico abandonar e menosprezar relatórios feitos por pessoas que não sabem se expressar de acordo com os termos que os cientistas gostariam de ver empregados.
Isto é, o grau de confiança é totalmente independente do nível linguístico utilizado no relatório.
(Esse erro de lógica é cometido quase sempre pelos pesquisadores das forças armadas, ou seus consultores especialistas.)
Quando se usarem livros publicados como fontes de informações, deve-se guardar o máximo cuidado, pois que a personalidade dos autores pode ter gerado distorção semântica e lógica nos relatos.
A regra de ouro da análise dos ONI é a seguinte: enfatizar o critério sistemático, quer dizer, dar ênfase não aos casos singulares, mas sim às classes de casos e ao comportamento observado.
Convém acrescentar apenas a observação seguinte: mediante análise extremamente cuidadosa dos fatos originais, pode-se encontrar finalmente a verdade científica. Contudo, essa pesquisa não prescinde de conhecermos bem tanto os informantes como as condições locais em que se deu a respectiva observação.

PARTE III — OS RESULTADOS

         Sobre este capítulo do livro, por sinal o mais sucinto, não há muito que falar. Trata-se de gráficos, notas específicas, duas tabelas com as formas taxonômicas dos OVNI, geralmente desenhos a bico de lápis, uma da NICAP, pg. 263, outra de Aimée Michel, pg. 269, e, por fim, na página 272, um comentário mais longo sobre as ortotenias. A tese ortotênica (ver boxe) foi uma ideia desenvolvida por Aimée Michel sobre a grande onda francesa de 1954, que o Prof. F.A.P. aborda com propriedade na IV parte de seu livro. Quanto aos gráficos da terceira parte, acreditamos que sejam de especial interesse para os estudiosos que buscam, no recôndito dos laboratórios, extraírem conclusões de um conjunto de eventos ordenados de forma a mostrá-los em função de uma os mais variáveis do fenômeno. Os interessados encontrarão ali informações relacionando as ondas OVNI com terremotos, explosões atômicas, abalos sísmicos, lançamentos de satélites, oposições e conjunções planetárias (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) e cometas. Convém observar que ainda hoje os lançamentos de naves espaciais (vide as viagens à Lua), os terremotos, as atividades vulcânicas e as tsunamis parecem atrair nossos visitantes. Contudo, devemos confessar que desconhecemos novos estudos que consolidem a tese de que os cometas, as oposições e as conjunções planetárias, continuem provocando aparições de discos voadores. Já no que diz respeito à classificação taxonômica, ou seja, o desenho de um objeto conforme relato de uma ou mais testemunhas, ainda que nos pareça estranho, é um procedimento rigorosamente técnico. É dessa forma que se pode por à prova a fidelidade do que nos foi relatado, quer comparando os relatos de diversas testemunhas sobre um mesmo caso, quando haja, quer retomando o depoimento de uma testemunha ao longo do tempo, na busca por contradições. Observe-se que a documentação SIOANI, da FAB, é toda ela composta por desenhos conforme relatos das testemunhas.


ORTOTENIAS

O termo ortotenia (alinhamento), neologismo cunhado por Aimée Michel, seria a incidência de aparições de OVNI a partir de um ponto de intersecção das linhas ao longo das quais se registrariam os avistamentos. Sobre as intersecções se localizariam as naves mães, quer nas formas circulares, gigantescas, quer nas formas de charutos, do interior das quais as naves menores seriam liberadas para a exploração local.

Os relatos das testemunhas, conforme se configura nas tábuas de Aimée Michel sobre aparições no sul da França, deveriam compor sempre uma linha reta. Isto, em princípio, parecia se confirmar, sobretudo com os casos que ligavam as cidades de Vichy a Bayonne, a famosa linha BAVIC, de um primeiro estudo de Aimée Michel. A tese, embora causasse alvoroço à época em que surgiu conquistando legiões de adeptos entre os ufólogos, e induzisse Aimée Michel a configurar uma dúzia de cartas, sempre sobre a onda de 54, não prosperou. Há que se registrar, inclusive, um controverso estudo computacional levado a cabo por Jacques Valée contradizendo a incipiente teoria do amigo. Entre nós, o Dr. Olavo T. Fontes foi um que procurou repetir os estudos de Aimée Michel, usando como referência a onda sobre o norte e o nordeste do país nos anos 60. Seu trabalho está registrado nos boletins da APRO. Seja como for, a crescente incidência OVNI dos anos 40 para cá nos quatro quadrantes do planeta, parece não consolidar a teoria ortotênica. No entanto, em Ufologia, ninguém disse ainda a última palavra sobre coisa alguma. (para conferir o trabalho do Dr. Olavo T. Fontes, ver boletim da APRO, novembro de 1960).                               
                                                                                                             
A famosa linha BAVIC ligando Vichy a Bayonne, primeira carta ortotênica de Aimée Michel, sul da França.
Da página 285 a pagina 413 do livro há uma dúzia delas com um mínimo de 7 ou 8 observações algumas, e perto de 50 casos, outras.

PARTE IV — AS TEORIAS

         Adentramos, por fim, à página 273, o mais longo e minucioso capítulo do extraordinário livro do Prof. F.A.P. sobre aquele que é o mais fascinante, desafiador e emblemático assunto de todos os séculos da humanidade. O título em si — as teorias — já nos dá uma idéia do que nos espera nas suas longas 197 últimas páginas.  Discorrendo ora sobre as mais intrigantes, ora sobre as mais curiosas, ora sobre as mais polêmicas teorias; ortodoxas aquelas, heterodoxas estas, este capítulo tem unicamente o propósito de fazer-nos entender o enigma ufológico. Todavia, visto ser literalmente impossível num trabalho limitado sob todos os aspectos, tecermos considerações sobre tudo o que ali está, vamos reproduzir uma página ou duas para satisfazer aqueles de nossos leitores que tenham interesse maior no viés científico da questão. O método da indução é o que mais se presta, ou se tem prestado, ao estudo da Ufologia. E por quê? Porque parte dos efeitos para alcançar as causas. Estuda as partes para chegar ao todo. Vai do particular para o geral. Esse é o estudo da casuística. Ainda quando nas pesquisas de campo deparamos com algo material (Ubatuba, implantes, marcas no solo, agroglifos, naves acidentadas, Roswell, Kecksburg, Spitzberg ou Varginha, etc.), esse algo material é parte insignificante de um todo que nos escapa pelos vãos dos dedos.
As páginas 282 e 283 chamam-nos a atenção justamente porque discorrem sobre teorias indutivas. É digno de nota o puxão de orelha que o Prof. F.A.P. dá em quem se pré-dispõe a negar os fatos, pura e simplesmente. Neste aspecto da questão, cultura não parece ser gradiente que separe o sábio do tolo; tanto nega o homem comum o disco voador, quanto o nega o douto da academia. Disto temos gritantes e costumeiros exemplos ocupando espaço na mídia, desnecessário enumerá-los aqui.

TEORIAS INDUTIVAS

            Este grupo engloba as teorias elaboradas por estudiosos do fenômeno “disco voador”. São autores pertencentes tanto a camadas ditas científicas como a camadas ditas não científicas.
            Camadas científicas são aquelas que na opinião dos cientistas devem ser chamadas de científicas. Trata-se, naturalmente, de professores, pesquisadores ou autores a que se podem empregar termos tais como “geólogos”, “matemáticos”, “químicos”, “astrônomos”, “físicos”, etc. Em geral são pessoas de nível universitário. (Tenha-se em mente, porém, que nem todos os cientistas necessariamente devem ter nível universitário, e mais, que nem todas as pessoas de nível universitário são cientistas.)
            Nesta faixa encontra-se o Dr. Jacques Valée, matemático especialista em processamento de dados. Acham-se também Herman Oberth, Sagan, Darlington, Olavo Fontes, e alguns mais.
            Camadas ditas não cientificas são aquelas que na opinião dos cientistas devem ser rotuladas de não científicas. Não vamos analisar esta questão semântica. Em geral, teses levantadas por pessoas rotuladas de não cientistas não são bem recebidas pelos cientistas.
            Não obstante, os cientistas o mais das vezes esquecem-se de que Ciência não é apenas “repositório ou aglutinado de conhecimentos sistemáticos”. É mais ainda: é principalmente “atitude mental, posição filosófica, maneira de comportamento”.
            Assim, estudiosos como Aimée Michel, Jimmy Guieu, Donald Keyhoe, Coral Lorezen e muitos outros devem ser rigorosamente chamados de cientistas, agrade-nos ou não a conclusão a que cada um chegou após uma série de análises do problema. Cientistas, não porque os ONI constituam um novo ramo de disciplina cientifica (é uma tolice criar o neologismo Ufologia para designar estudos de discos voadores, ou UFOS). Cientistas sim, porque quando aqueles autores mencionados neste parágrafo se entregaram às tarefas tais como coletar informações, reunir e comparar dados, sintetizar pormenores diversos, elaborar  explicações plausíveis, estavam agindo legitimamente como cientistas, porque ciência é isso que fizeram ou estão fazendo: coletar, reunir, comparar, sintetizar. Naturalmente, é obvio que o aspecto experimental do problema não pode ser focalizado por eles (mas não existem disciplinas chamadas de ciências em que o método experimental é praticamente inexistente?).
            Por conseguinte, rigorosamente dentro dos princípios da Filosofia da Ciência, e à luz dos ensinamentos claros e imparciais da Historia da Ciência, as pessoas que nestes últimos vinte anos estudaram em profundidade o assunto ONI devem ser considerados como tendo agido cientificamente, em espírito e em método.
            (Os jornalistas e o povo em geral muitas vezes são levados a crer que no caso dos discos voadores, a atitude “cientifica” deveria ser a de negar pura e permanentemente a verossimilhança tanto dos estudos como dos próprios objetos não identificados. Alguns professores e cientistas procurados pela imprensa teimam em assumir atitude que dizem cientifica, só porque – ignorando tudo, não tendo lido nada, estando em jejum absoluto nesta difícil matéria – afirmam que os discos voadores são tolices requintadas. Evidentemente, a opinião pública, a começar dos próprios jornalistas que pretendem informá-la, se exaspera em face dessa confusão semântica.)
            As Teorias do Grupo 2 são  neste Livro Vermelho chamadas de Teorias Indutivas, porque a indução, operação inversa da dedução, implica em formular conclusões generalizadas a partir de dados, pormenores, ocorrências. Os autores destas teorias induzem a existência de mundos habitados por seres superiores ao homem justamente porque, ao estudarem o problema dos ONI, depois de esgotarem todos os caminhos abertos pela Lógica e pela Dialética, acabam concluindo ou induzindo aquela tese.
            Ao que vemos, estes autores diferem dos do Grupo 1. É evidente que em suas considerações e pressupostos de natureza teórica, muitos dos autores do Grupo 2 citam autores do Grupo 1, apesar destes últimos não tratarem do assunto disco voador, não sendo, é claro, verdadeira a recíproca, muito ao contrário.      

            Quanto às teorias dedutivas, o próprio autor não trata delas mais longamente, mesmo porque não contemplam nenhuma ideia pertinente à Ufologia da forma como esta se manifesta em nossa biosfera. Por dedução podemos defender a tese da pluralidade dos mundos habitados, mas não podemos inferir daí que, por haver outros mundos habitados, existam discos voadores.
Todavia há um capítulo curioso no livro abrangendo as páginas 292 a 317, que o autor chamou de “teorias científicas desvinculadas logicamente dos ovni”. Um tópico realmente interessante. Ali se fala da misteriosa explosão em Tunguska, na Sibéria. Ali se discute sobre um possível contato de seres alienígenas superiores com o planeta Terra. Ali se especulam sobre a natureza dos satélites de Marte, Fobos e Deimos, e a polêmica tese de serem ou não artificiais. Os leitores que já ouviram falar do mapa do almirante turco Piri Reis, encontrarão uma nota sobre ele na pg. 364.
Por fim, para encerrarmos com palavras proféticas esta parte do livro, nada melhor do que reproduzir na íntegra o que seu autor declara com o título de “Advertência” nas páginas 473 e 474, ei-las:

ADVERTÊNCIA

1-) Existe realmente um problema de ordem mundial chamado “Problema dos Discos Voadores”:
2-) Esse problema tem aspectos, contornos e características lógicas, racionais, podendo, portanto ser tratado cientificamente;
3-) Como tudo na história humana, também os chamados discos voadores se prestaram a burlas, mistificações, embustes, equívocos, deformações, deturpações, chegando esse problema a suscitar mesmo fenômenos psicopatológicos ou a criar um folclore internacional;
4-) O problema foi e continua sendo examinado, pública ou de preferência sigilosamente, por centenas de cientistas e homens cultos, civis e militares de vários países — a começar pelos USA, incluindo a França, Austrália, Argentina, Inglaterra, Alemanha e URSS — interessados todos, e vivamente, no seu esclarecimento total;
5-) Impõe-se conhecer todo o volume de fatos e de hipóteses explicativas que o autor espera ter reunido neste livro, a fim de se poder chegar a uma opinião serena, desapaixonada, racional;
6-) O autor, como presidente da “Comissão Brasileira de Pesquisa Confidencial dos Objetos Aéreos não Identificados” somente responde por sua própria posição intelectual a respeito. Contudo, deixa bem claro que a equação do problema é a seguinte:

a)      Os discos voadores existem.
b)     Não sabemos o que são, tecnologicamente.
c)      Ignoramos a sua procedência.
d)     Desconhecemos suas intenções.

Em face dos termos desta conclusão, o autor, agindo na sua dupla qualidade de presidente do C.B.P.C.O.A.N.I. e presidente do I.B.A.C.E. apela com toda veemência para cientistas, engenheiros, professores e tecnologistas brasileiros, natos ou naturalizados, para que se mobilizem intelectualmente diante dos aspectos tecnológico e logístico que os discos voadores está assumindo, agora, de maneira crescente.

Quem, como nós, que nas últimas cinco ou seis décadas tem acompanhado o desenrolar dos acontecimentos ufológicos no Brasil e no mundo, sabe quão proféticas foram as palavras do Prof. F.A.P., ao concluir seu livro. Dele, o que podemos dizer, humildemente, é que: este não é um livro comum, um livro que simplesmente relacione a caótica casuística ufológica com dezenas ou centenas de casos, para então enfiá-los goela abaixo do leitor esperando que este faça o resto. Esse fenômeno não se impõe a nós apenas como mais um desafio a quantos ousem enfrentá-lo, impõe-se como algo revestido de uma complexidade jamais vista antes. O prof. F.A.P. apercebeu-se disso, e seu livro é prova de que ele, já naquela época, compreendia que para contribuir com um trabalho produtivo e de real interesse para seus leitores, deveria fazer uma obra singular. Uma obra que, ao fugir do convencional do que até então se publicava aqui e alhures, colocasse ao alcance do leitor um verdadeiro manual de Ufologia. Para isso seria preciso buscar os elementos próprios da análise científica séria, isenta de soluções prontas e teorias mirabolantes, que, ao fim e ao cabo, a nada conduzem. O método é o do cientista, é organizado por assunto, é prático no seu manuseio, se for lido, esmiuçado, analisado e deglutido, será sem dúvida alguma de enorme utilidade a todos os nossos leitores. Em suas páginas os novos aficionados encontrarão comentários e sugestões que com certeza nortearão seus passos com segurança, proficiência e produtividade, se assim o desejarem, para prosseguirem de onde o mestre parou.
         Ufologia, assim como todas as ciências e todo o conhecimento da humanidade, se faz também com história. Fica, pois, aqui registrada nossa gratidão ao Prof. Flávio Augusto Pereira que, com dedicação e humildade, guiou nossos primeiros passos no estudo sistemático do fenômeno “Discos Voadores”.